O ACIDENTE DE MICHAEL SCHUMACHER - UM DESASTRE DE COMUNICAÇÃO
Ainda ontem comentava
a ansiedade natural, mas estúpida (por haver que esperar sempre pelo menos duas
semanas em casos semelhantes para se saber algo de mais concreto) do público0
em geral e da imprensa. Mas muito pior que os meios de comunicação que, como é
natural, mantêm um exército à porta do hospital de Grenoble, para não falharem
qualquer notícia de última hora, muito o pior que tudo isso é o descalabro na
comunicação da assessoria do piloto e do hospital.
É de “bradar
aos céus” os erros que hoje em dia se cometem em termos de comunicação, seja
institucional, seja governamental (o governo português tem sido exemplo disso
demasiado frequentemente), quanto a nível comercial e publicitário.
Por isso
tomo a liberdade de transcrever o que o meu amigo e colega jornalista brasileiro
Américo Teixeira Jr escreve no seu site, com toda a razão e propriedade:
Enquanto é um desastre a
comunicação oficial em torno do acidente de Schumacher, seu staff reclama de
apurações independentes
Por Americo Teixeira Jr. – O cara tem fama mundial,
sofreu um grave acidente e existe uma expectativa enorme por informações sobre
o seu estado de saúde. Junta-se a isso um hospital que não emite boletins e uma
assessoria de imprensa que não consegue dizer nem quando será o próximo
informe. Esses são os ingredientes para o desastre em que se transformou a
comunicação sobre o acidente de Michael Schumacher.
É muito fácil dizer para os jornalistas, defronte ao hospital em Genoble,
que só haverá novos comunicados se houver alteração no caso clínico do ídolo
mundial. É óbvio que essa é a senha para que cada um apure por seus próprios
meios, afinal, jornalismo significa correr atrás da informação.
Quanto maior a omissão de informação, maior a chance de boatos se
espalharem. Bastaria um encontro oficial diário, bastaria administrar a crise
com transparência. Não, criaram um bloco de concreto diante do caso e condenam
tudo o que não é via oficial.
Jornalismo se faz com apuração, pesquisa, responsabilidade e inteligência.
O fato de um desequilibrado resolver se vestir de padre não é motivo para o
staff de Schumacher considerar que toda aquela gente de imprensa na porta do
hospital está ali para aprontar alguma coisa.
Idiota tem em qualquer lugar, inclusive na imprensa. Mas é só separar os responsáveis
dos irresponsáveis que a coisa segue seu curso com a melhor qualidade e maior
tranquilidade. Respeitar o momento delicado, sim; condenar os irresponsáveis,
sim; afastar a imprensa da notícia, não, nunca, jamais.
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