Ee blog terá, pelo menos duas vezes por semana, as minhas opiniões e comentários sobre desporto – sobretudo automobilismo – e sobre a vida nacional (portuguesa e brasileira) e internacional, com a experiência de 52 anos de jornalismo, 36 anos de promotor e 10 de piloto. Além de textos de convidados, e comentários de leitores.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014


O ACIDENTE DE MICHAEL SCHUMACHER - UM DESASTRE DE COMUNICAÇÃO

Ainda ontem comentava a ansiedade natural, mas estúpida (por haver que esperar sempre pelo menos duas semanas em casos semelhantes para se saber algo de mais concreto) do público0 em geral e da imprensa. Mas muito pior que os meios de comunicação que, como é natural, mantêm um exército à porta do hospital de Grenoble, para não falharem qualquer notícia de última hora, muito o pior que tudo isso é o descalabro na comunicação da assessoria do piloto e do hospital.

É de “bradar aos céus” os erros que hoje em dia se cometem em termos de comunicação, seja institucional, seja governamental (o governo português tem sido exemplo disso demasiado frequentemente), quanto a nível comercial e publicitário.

Por isso tomo a liberdade de transcrever o que o meu amigo e colega jornalista brasileiro Américo Teixeira Jr escreve no seu site, com toda a razão e propriedade:

 

Enquanto é um desastre a comunicação oficial em torno do acidente de Schumacher, seu staff reclama de apurações independentes

Por Americo Teixeira Jr. – O cara tem fama mundial, sofreu um grave acidente e existe uma expectativa enorme por informações sobre o seu estado de saúde. Junta-se a isso um hospital que não emite boletins e uma assessoria de imprensa que não consegue dizer nem quando será o próximo informe. Esses são os ingredientes para o desastre em que se transformou a comunicação sobre o acidente de Michael Schumacher.

É muito fácil dizer para os jornalistas, defronte ao hospital em Genoble, que só haverá novos comunicados se houver alteração no caso clínico do ídolo mundial. É óbvio que essa é a senha para que cada um apure por seus próprios meios, afinal, jornalismo significa correr atrás da informação.

Quanto maior a omissão de informação, maior a chance de boatos se espalharem. Bastaria um encontro oficial diário, bastaria administrar a crise com transparência. Não, criaram um bloco de concreto diante do caso e condenam tudo o que não é via oficial.

Jornalismo se faz com apuração, pesquisa, responsabilidade e inteligência. O fato de um desequilibrado resolver se vestir de padre não é motivo para o staff de Schumacher considerar que toda aquela gente de imprensa na porta do hospital está ali para aprontar alguma coisa.

Idiota tem em qualquer lugar, inclusive na imprensa. Mas é só separar os responsáveis dos irresponsáveis que a coisa segue seu curso com a melhor qualidade e maior tranquilidade. Respeitar o momento delicado, sim; condenar os irresponsáveis, sim; afastar a imprensa da notícia, não, nunca, jamais.

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