Ee blog terá, pelo menos duas vezes por semana, as minhas opiniões e comentários sobre desporto – sobretudo automobilismo – e sobre a vida nacional (portuguesa e brasileira) e internacional, com a experiência de 52 anos de jornalismo, 36 anos de promotor e 10 de piloto. Além de textos de convidados, e comentários de leitores.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

SELEÇÃO: BRASIL MAIS LONGE - HÁ QUE “REMAR” MAIS FORTE.
Assisti pelo Eurosport ao sorteio da FIFA dos “play-offs” europeus para o Mundial do Brasil do próximo ano. De seguida fiz mais uma das minhas sessões de reflexologia da Maria João que tanto me têm ajudado na recuperação dos problemas graves dos últimos três meses (https://www.facebook.com/ReflexologiaZen) .
Fico até a pensar se os rapazes do Paulo Bento não precisarão também destes tratamentos para lhes aumentar a energia e, sobretudo, a concentração e a postura (ou atitude, como agora parece ser mais usual dizer-se, em tradução direta da attitude inglesa). É que, realmente, mesmo não nos tendo calhado a França no pote, a Suécia não vai ser nenhuma “pera doce”. À Alemanha enfiaram sete golos. E, lembrem-se que o nosso histórico com estes escandinavos não é muito favorável: seis derrotas, seis empates, e três vitórias.

Equipa sem garra e sem estilo de jogo
Este último jogo com Israel (nossa “pedra no sapato” nesta qualificação) foi simplesmente lamentável. Como o foram quase todos os jogos desta equipa nacional desde há ano e meio, sempre rezando para que Ronaldo esteja em dia grande e esconda com seus golos as deficiências do ataque e supere os erros da defesa.
Tinha visto nessa noite o Uruguai – Argentina. Que maravilha a garra, a vontade de jogar, de vencer, de derrotar o adversário que, sobretudo os uruguaios mostraram.
Até fiquei envergonhado ao lembrar-me do que tinha antes acontecido em Alvalade, aquela tristeza, aquele enfadonho jogo em que os nossos jogadores paracem esquecer-se da honra que é usarem a camisola da “equipa de todos nós”, como mestre Cândido de Oliveira chamava à nossa seleção. Uma equipa sem o fogo de outrora, jogadores que parecem estar a fazer um frete perante uma equipa Israelita que, teoricamente, lhes é muito inferior.
Tenho muitas saudades de jogadores que “iam a todas” e que assim conseguiam muitas vezes superar a sua deficiência técnica, Eram os carregadores de pianos. Essenciais para dar vida e tornar eficiente a arte dos seus colegas mais dotados tecnicamente.
Mas, “carregar pianos” não tem sido a especialidade da esmagadora maioria dos rapazes de Paulo Bento. E, sem esse espírito não atravessarão o Atlântico…
Por outro lado, esta seleção é, como sempre acontece, muito o reflexo do seu treinador – teimoso, demasiado conservador, jamais arriscando quando deve e pode. E, “quem não arrisca, não petisca”…
Jogando em casa a primeira mão deste “play-off” vai mesmo ser preciso arranjar “ATITUDE” em todos os setores da equipa, já que estaremos a enfrentar uma Suécia com um excelente meio-campo e com dois brilhantes pontas de lança que além do mais não ficam à espera da bola e descem muitas vezes até à sua linha defensiva não só para ajudar os defesas, como para “ir buscar” a bola “lá atrás”.
Mas, atitude também não chega, é preciso que além de João Moutinho e de Cristiano Ronaldo, a rapaziada saiba o que e como tem de fazer, sobretudo do meio-campo para a frente. Que não andem perdidos, como têm andado. Que saibam algo que anda esquecido nesta equipa – jogar bem sem a bola – criar espaços e passar a bola de forma que o colega a receba nas melhores condições. Esse é o segredo das grandes equipas, como o Barcelona, o Bayern, o Real.
Uma coisa que os rapazes de Bento têm de ter consciência é que não basta saber tratar bem a bola, fintar, driblar, fazer carinho à “gorduchinha” ou outros truques de circo. Neste circo têm de ser gladiadores, e não malabaristas, comer a relva, lutar pela sobrevivência pois é disso que o povo português está à espera. Aliás, sempre esperou de todas as suas seleções. Pelo menos para disfarçar um pouco das agruras económicas e profissionais que tem sofrido. Não se trata de política de “futebol e fado” para distrair os portugueses... Para esse “peditório” já demos durante duas gerações. Agora trata-se mesmo do nosso orgulho. Não basta estar na ilusória posição no ranking da FIFA.

Um grave problema de base
No entanto, como muito bem apontavam os quatro comentadores do excelente programa “Play Off” da SIC Notícias (nome mesmo a calhar…) o “buraco é muito mais fundo”. Já não estamos nas eras das duas “Geração de Ouro” do nosso futebol. FPF e Liga ainda não se deram conta disso. De que não temos mais jogadores da estirpe de 1966 nem dos vice-campeões europeus.
E, dificilmente os teremos com a política da esmagadora maioria dos clubes que só agora terão sido acordados pelo “novo Sporting” para a necessidade de formar jogadores portugueses com dois objetivos principais: as suas contas anuais não continuem a ter deficits tão grandes com a compra de jogadores estrangeiros e para que o futebol português se possa orgulhar dos seus atletas e das suas seleções, sobretudo da principal.
Esse é o problema de fundo que tem de ser tratado com urgência e não apenas com a utilização – parece que até a contra gosto por Jorge Jesus – de jogadores das equipas B nas Taças de Portugal ou da Liga nas suas fases iniciais contra clubes dos escalões mais baixos do nosso futebol.
Se Brasil 2014 já é um objetivo muito difícil de atingir com esta equipa apenas sofrível em teoria, mas na prática, até menos do que isso, as competições futuras de seleções ainda serão cada vez mais angustiantes se não se fizer nada urgente a nível de formação e promoção às equipas principais.
O futuro pode ser muito negro. Mas, será que alguém se importa com isso? Será que alguém fará algo diferente, urgente? Chamem-lhe o que quiserem, mas os portugueses precisam desse seu “ópio” para poderem esquecer a vida atual e ganharem essa estima pessoal e coletiva. Os rapazes de Paulo Bento têm obrigação de lutarem por isso como leões ferozes. Frete fazemos nós todos a vê-los jogar desta forma.

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