Automobilismo: Seus mistérios ou posturas
dos adeptos/participantes
O automobilismo
desportivo – a todos os seus níveis – tem-me desiludido muito nos últimos
tempos, como aliás tem sido patente em alguns dos meus escritos neste blog e
nas conversas com quem vale a pena conversar no que foi, também, durante quatro
décadas o meu meio como piloto, organizador e promotor.
Hoje, tive
mais um exemplo das posturas da gente dos automóveis, à qual eu até gostaria de
continuar a pertencer, agora apenas como jornalista, pois continuo a amar este
desporto. O já tradicional almoço do PORTUGAL MOTORSPORT, na Curia – o maior
evento social do meio automobilístico português está em risco de não se poder
realizar. O resultado do trabalho da dupla Artur Lemos e Luis Caramelo tem sido
um enorme sucesso com uma enorme adesão de concorrentes, pilotos, navegadores,
patrocinadores ou simples adeptos de norte a sul. Organizam-se autocarros com
saídas de Lisboa e do Porto para levar a “malta” (significando apenas grupo na
gíria comum) dos automóveis. É uma “farra”. Contam-se estórias; revivem-se
momentos gloriosos ou de revezes; fala-se do futuro (embora no ano passado o
alerta que fiz mereceu apenas “ouvidos mocos” de toda a gente que continuou a falar
de outros temas nas meses).
Marcado este
ano para dia 15 deste mês (sim, apenas daqui a duas semanas) teve até agora – e
hoje é o último dia para inscrições dos participantes – um número demasiado
reduzido de adesões, o qual, penso não permitir a realização do evento, tanto
mais que o Artur e o Luis este ano não conseguiram ter qualquer patrocínio, o
que também me espanta e desilude. Muito.
Que nós
portugueses e latinos deixemos tudo para a última hora inclusive fazer inscrição (como também é sempre
hábitos para as provas desportivas ou outra coisa qualquer) é, infelizmente, normal.
Eu que o diga pois apenas ontem tomei, finalmente, a decisão de ir à Cúria e hoje
confirmei-o ao Artur.
Falta de gratidão
Pior do que
o alheamento a este (e outros grandes eventos) é o que isso, por vezes,
representa – a ingratidão dos membros desta sociedade que tem como objetivo,
julgo eu, manter vivo o automobilismo português, manter vivas as nossas
memórias, projetar o futuro desta atividade de que supostamente gostamos e
temos o dever de defender. Isto é falta de gratidão pelas oportunidades que nos
são dadas por aqueles poucos que ainda têm a coragem de lutar – muitas vezes em
vão – pela nossa modalidade, pela divulgação dos eventos e dos seus
participantes. Alguns mesmo sem receber nada em troca. Nem mesmo essa gratidão
por nos darem momentos de inesquecível prazer.
Esse é um
doa piores aspetos do nosso automobilismo. E, não apenas do nosso, português,
já que, pela minha experiência o mesmo acontece no Brasil, em Inglaterra,
Grança e Itália e Espanha. Mesmo que de outras formas, algumas até mais cruéis.
Mas, francamente,
não me venham dizer que não vão à Cúria onde no ano passado estiveram mais de
400 convivas, por causa da crise, ou porque a data é depois meses depois do
habitual. Talvez percam. Este ano, o maior evento, repito, social do nosso
automobilismo. Preferem, apenas, ir ao café dois ou três “contar umas larachas”
ou ir aos jantares da “Quinta a Fundo”? Inqualificável.
Telefonem ao
Artur e ao Luis a dar a vossa adesão. Mostrem a vossa gratidão e vão lá. Se não
gostaram do evento contribuam com sugestões, mas participem.
Só com
eventos destes e com provas bem estruturadas o nosso automobilismo se manterá
vivo, florescente e progredirá? Sou idiota por pensar que um almoço na Curia
tem essa importância. Tem, sim! Porque demonstra a vontade, a gratidão dos
participantes, dos adeptos, dos patrocinadores para manter viva esta vossa
modalidade.
Sabem?
Façam, claro, como quiserem. Mas, depois não se queixem que dirigentes e
organizadores e promotores passem a estar “nas tintas” para os participantes. A
postura é vossa!...
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