POBRE PAÍS RICO ou RICO PAÍS POBRE? QUE
POVO SOMOS?
“Na minha
frente na fila para o endireita, lá para os lados da Lourinhã, a caminho de
Torres Vedras, estavam um porco e uma vaca, e eu aflito de um braço…”
contava-me hoje o meu melhor amigo, de uma conversa com um colega dele nos anos
1980.
Ao regressar
a Cascais hoje, terça-feira de Carnaval, pela segunda circular depois de o
visitar em seu apartamento na Portela, deparei-me com um tremendo e inesperado
engarrafamento. Não havia acidente nenhum, nem sequer daquelas batidas insignificantes
em que os motoristas ficam horas a medir os risquinhos que o outro lhes fez no
guarda-lamas. Havia apenas muita gente a regressar a Lisboa. Em sentido contrário,
de saída de Lisboa, àquela hora de suposta ponta, trânsito livre.
E, eu, e o
resto do “povo”, sim do povo que nós todos somos, com porco e a vaca na fila da
segunda circular. Perdão, não eram os animais abaixo de nós na cadeia
alimentar. Apenas portugueses a voltar provavelmente de passeios de longo fim de
semana fora de Lisboa. Talvez lá para os lados do endireita, para ver o grande
carnaval de Torres Vedras que, segundo um político local traz “uns milhões de
impacto económico à cidade”.
Ao chegar ao
final da segunda circular, quando pensava encontrar o habitual engarrafamento da
saída de Lisboa para a A5, foi como num fim-de-semana, com trânsito fluindo
muito bem.
Não me
admira, pois ontem (segunda feira de carnaval, claro, esqueci-me…) tive de
tratar de assuntos profissionais em Lisboa. Parecia uma cidade deserta. O Largo
do Camões, aliás, a estátua do nosso poeta estava pejada de “turistas”, a
maioria, creio desempregados ou auto desocupados do nosso carnaval…
A meio da tarde, as ruas não tinham trânsito e
as lojas desertas ou fechadas por motivo da crise, que parecia não ter consequências
no comportamento do povo, dos cidadãos, dos trabalhadores.
Claro que o povo
… cá estou eu a usar uma palavra que parece ofender muita gente. Desculpem,
emendo: os cidadãos, esses estavam provavelmente a gozar do seu direito de um
descanso, de um lazer no nosso tradicional carnaval. Sim, porque somos um país
apenas de direitos. Até porque a nossa constituição, esse complicadíssimo
texto, que tarda a merecer o acordo dos políticos em ser revisto para bem de
toda a Nação e de todo o Povo – inclusive dos trabalhadores, note-se numa visão
não-oportunista e imediata – é parco em obrigações de todos nós para com o
país, para com o próximo, para com a economia nacional.
Parece,
realmente que queremos voltar aos tempos do endireita atrás da vaca e do porco…
Ou então estamos
a pretender dar razão aos alemães e nórdicos que consideram que a nossa crise
económica se deve à falta de ritmo de trabalho, de eficiência, de disciplina,
enfim de tanta coisa do povo, exemplo dos povos do sul da Europa. Será?
Falta de
disciplina e coerência, estou certo que é. O que é estranho, pois os emigrantes
lusos têm uma postura – e são bem reconhecidos por isso – de eficientes trabalhadores,
pensadores, cientistas, grandes profissionais.
PORTUGAL MOTORSPORT: SOBRETUDO CONVÍVIO
Veja-se o
caso, agora mais no campo do “povo automobilístico” em relação ao já
tradicional e excelente evento Portugal Motorsport Awards. Além de ser uma oportunidade
para premiação que a dupla Artur Lemos/Luís Caramelo em nome dos seus 11.000
seguidores no Facebook, atribui a figuras do nosso desporto-automóvel pelas
mais variadas facetas das suas vidas ou carreiras, é, a meu ver, muito mais uma
oportunidade para os adeptos/participantes terem momentos inesquecíveis de
convívio, de confraternização, de enriquecimento de conversas que não têm
apenas de ser de auto bajulação, podendo ser construtivas para a modalidade que
passa por momentos ainda difíceis na sua reestruturação.
Discussões/conversas úteis para o
automobilismo
Esse deve (ou
devia) ser a motivação principal deste encontro.
Será?
Claro que este ano tem mesmo de ser, pois o trabalho do Artur e do Luís não teve resposta suficiente (que até parece, como escrevi, falta de consideração) pela esmagadora maioria.
Lembrando o que tentei falar a todos no almoço do ano passado na Curia, e que
poucos ouviram pois estavam demasiado interessados na habitual “cavaqueira ou
disse-que-disse de café”, até nem sei no acreditar. Talvez tivessem estado
mesmo a discutir assuntos importantes para o nosso automobilismo, enquanto eu
os alertava para os muitos problemas graves da modalidade. Ou então estavam a
falar bem de outros pilotos e organizadores… Não importa, pois irei publicar amanhã
aqui tudo, na íntegra, o texto integral que escrevi para a minha alocução aos
convivas de 2013, que foi reduzida para não interromper as conversas… Isto, para
não haver dúvidas…
Seja como
for, o importante é estarmos juntos, para o “cortar da casaca” ou para, de
preferência, para falarmos sobre o que interessa.
Será, no
entanto, que no próximo dia 15, além dos já inscritos (cerca da oitava parte
dos que estiveram na Curia há um ano) os outros aparecerão no restaurante que o
Artur vai comunicar dentro de dias? Ou será que se vão esquecer? Ou a crise não
lhes permitirá gastar num almoço, pensando nas poupanças que têm de fazer para comprar
mais um motor melhor que o “vizinho” ou para “artilhar” mais o seu carro ou
mesmo para comprar o modelo mais competitivo para terem a certeza de que ganham
a toda a gente, mesmo aos que guiam melhor?
Vão,
certamente, agora repetir as minhas palavras sinceras que tenho repetido quanto
ao meu título de 1991, “naquele carro (Escort RS1600) qualquer macaco ganhava o
nacional de velocidade”. É verdade. Desculpem, se eu já tinha esse carro, em
que fazia ralis e circuitos e rampas, e o usei durante três temporadas.
Lá estarei
na Mealhada para ter oportunidade de falar com os amigos e com os não
conhecidos, se me derem esse prazer.
Todo o “povo
automobilístico” terá essa oportunidade que deve aproveitar. Para seu lazer.
Para o bem do desporto, se forem com esse espírito, claro.
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