FÓRMULA 1: GP do CANADÁ
RICCIARDO E RENAULT ACABAM com MONOTONIA
Não me canso
de referir uma frase de Bernie Ecclestone, quando há uns tempos acusavam a
Fórmula 1 de monotonia, de poucas ultrapassagens: “Isto não é como o basketball,
mas como o futebol; na F1 marcam-se golos e não pontos…”.
Quando hoje
já me preparava a lembrar de novo quanto a F1 evoluiu de forma artificial para
criar espetáculo e ao mesmo tempo roubava, com a sua cada vez maior
complexidade tecnológica a comparação direta entre as técnicas de pilotagem daqueles
que devem fazer a diferença e continuam a ser o elemento mais importante deste
desporto – os pilotos – tivemos, todos, a grata satisfação de ver um final do sempre
emocionante GP do Canadá quase a desmentir-me.
Com cinco e
seis pilotos a disputarem a primeira posição nas últimas 12 voltas, houve –
finalmente, depois de seis provas – emoção a rodos, mas, repito, de uma forma –
para mim – artificial.
Primeiro,
inspirado no problema de pneus justamente neste circuito Gilles Villeneuve, em
2010, Ecclestone “pediu” à Pirelli que fizesse pneus que tivessem de ser
trocados idealmente várias vezes durante uma prova, provocando artificiais
mudanças nas posições dos carros. Depois, o novo regulamento técnico deste ano
colocou aos pilotos uma enormidade de condicionantes tecnológicas que torna
muito difícil separar o que é uma excelente pilotagem de melhores recursos em
várias áreas de uso e poupança de energia e combustível, onde e como carregar
as baterias dos dois motores elétricos, onde e como poupar ou escolher os tipos
de pneus disponíveis, ou como dominar o muito maior binários dos notos motores
turbo V6 à saída das curvas..
Dirão muitos
que a pilotagem hoje é este ano muito diferente do que há dez ou vinte anos;
muito mais complexa, para o piloto e, talvez por isso, tão mais difícil de
avaliar quem é melhor piloto.
Por outro
lado, ao consultar o meu amigo David Wood, grande engenheiro de motores de
competição, sobre o domínio até esta tarde dos Mercedes, ele esclarece-me que
foi a marca alemã quem, até agora, conseguiu – sobretudo por ter debaixo da sua
responsabilidade, simultaneamente motores e chassis – as melhores soluções
entre aerodinâmica, arrefecimento e conjugação com os elementos de geração e armazenagem
de energia. Isso deixou-me muito mais satisfeirto – dentro da minha escola de
F1, em que o elemento humano (piloto ou, agora, engenheiros) é o mais
importante.
O piloto continua a ser muito importante
Hoje viu-se,
com Rosberg – versus Hamilton – ou com Perez, comparado com seu colega na Force
India, ou mesmo entre o estreante Daniel Ricciardo e o campioníssimo Vettel,
que ainda resta muito espaço para a técnica de pilotagem sobressair, embora
agora de forma diferente, com atributos muito mais complexos, repito. Por isso,
Adrian Newey disse há dias que Vettel não se tinha ainda adaptado bem ao novo
carro, às novas tecnologias, a que, parece, seu jovem companheiro de equipa
terá assimilado a se adaptado mais rapidamente.
A forma como
Perez – e outros – mais uma vez souberam poupar os seus pneus e o exibição
notável de Rosberg nas últimas voltas, conseguindo manter o 2º lugar com um
Mercedes com problemas de potência e de travões, mostraram que o piloto
continua a fazer a diferença. Mas apenas em situações extremas como foram as de
hoje.
Também o
erro mútuo de Perez e Massa na penúltima volta mostrou que por muito que as
marcas consigam cominar as novas tecnologias, o fator humano é o que conta
mais. Seja pelo piloto. Seja pelos engenheiros.
Renault turbo volta a ganhar
Numa corrida
com 11 abandonos, o que é invulgar numa categoria conde a fiabilidade aumento
enormemente nos últimos 20 anos – mesmo considerando que quatro foram por
acidente –, a Renault conquistou o seu primeiro triunfo nesta nova era da F1. O
primeiro de um V6 Turbo desde o GP de Detroit de 1986 (Ayrton Senna – Lotus-Renault
turbo), no último ano da sua participação na F1 com motores turbo.
Será que
Adrian Newey e a Renault conseguirão dar nova vida à Fórmula 1. Esperemos que
sim porque domínio de uma marca ou concorrente nunca foi bom para qualquer
modalidade.
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