Ee blog terá, pelo menos duas vezes por semana, as minhas opiniões e comentários sobre desporto – sobretudo automobilismo – e sobre a vida nacional (portuguesa e brasileira) e internacional, com a experiência de 52 anos de jornalismo, 36 anos de promotor e 10 de piloto. Além de textos de convidados, e comentários de leitores.

domingo, 8 de junho de 2014


FÓRMULA 1: GP do CANADÁ

RICCIARDO E RENAULT ACABAM com MONOTONIA

Não me canso de referir uma frase de Bernie Ecclestone, quando há uns tempos acusavam a Fórmula 1 de monotonia, de poucas ultrapassagens: “Isto não é como o basketball, mas como o futebol; na F1 marcam-se golos e não pontos…”.

Quando hoje já me preparava a lembrar de novo quanto a F1 evoluiu de forma artificial para criar espetáculo e ao mesmo tempo roubava, com a sua cada vez maior complexidade tecnológica a comparação direta entre as técnicas de pilotagem daqueles que devem fazer a diferença e continuam a ser o elemento mais importante deste desporto – os pilotos – tivemos, todos, a grata satisfação de ver um final do sempre emocionante GP do Canadá quase a desmentir-me.

Com cinco e seis pilotos a disputarem a primeira posição nas últimas 12 voltas, houve – finalmente, depois de seis provas – emoção a rodos, mas, repito, de uma forma – para mim – artificial.

Primeiro, inspirado no problema de pneus justamente neste circuito Gilles Villeneuve, em 2010, Ecclestone “pediu” à Pirelli que fizesse pneus que tivessem de ser trocados idealmente várias vezes durante uma prova, provocando artificiais mudanças nas posições dos carros. Depois, o novo regulamento técnico deste ano colocou aos pilotos uma enormidade de condicionantes tecnológicas que torna muito difícil separar o que é uma excelente pilotagem de melhores recursos em várias áreas de uso e poupança de energia e combustível, onde e como carregar as baterias dos dois motores elétricos, onde e como poupar ou escolher os tipos de pneus disponíveis, ou como dominar o muito maior binários dos notos motores turbo V6 à saída das curvas..

Dirão muitos que a pilotagem hoje é este ano muito diferente do que há dez ou vinte anos; muito mais complexa, para o piloto e, talvez por isso, tão mais difícil de avaliar quem é melhor piloto.

Por outro lado, ao consultar o meu amigo David Wood, grande engenheiro de motores de competição, sobre o domínio até esta tarde dos Mercedes, ele esclarece-me que foi a marca alemã quem, até agora, conseguiu – sobretudo por ter debaixo da sua responsabilidade, simultaneamente motores e chassis – as melhores soluções entre aerodinâmica, arrefecimento e conjugação com os elementos de geração e armazenagem de energia. Isso deixou-me muito mais satisfeirto – dentro da minha escola de F1, em que o elemento humano (piloto ou, agora, engenheiros) é o mais importante.

 

O piloto continua a ser muito importante

Hoje viu-se, com Rosberg – versus Hamilton – ou com Perez, comparado com seu colega na Force India, ou mesmo entre o estreante Daniel Ricciardo e o campioníssimo Vettel, que ainda resta muito espaço para a técnica de pilotagem sobressair, embora agora de forma diferente, com atributos muito mais complexos, repito. Por isso, Adrian Newey disse há dias que Vettel não se tinha ainda adaptado bem ao novo carro, às novas tecnologias, a que, parece, seu jovem companheiro de equipa terá assimilado a se adaptado mais rapidamente.

A forma como Perez – e outros – mais uma vez souberam poupar os seus pneus e o exibição notável de Rosberg nas últimas voltas, conseguindo manter o 2º lugar com um Mercedes com problemas de potência e de travões, mostraram que o piloto continua a fazer a diferença. Mas apenas em situações extremas como foram as de hoje.

Também o erro mútuo de Perez e Massa na penúltima volta mostrou que por muito que as marcas consigam cominar as novas tecnologias, o fator humano é o que conta mais. Seja pelo piloto. Seja pelos engenheiros.

 

Renault turbo volta a ganhar

Numa corrida com 11 abandonos, o que é invulgar numa categoria conde a fiabilidade aumento enormemente nos últimos 20 anos – mesmo considerando que quatro foram por acidente –, a Renault conquistou o seu primeiro triunfo nesta nova era da F1. O primeiro de um V6 Turbo desde o GP de Detroit de 1986 (Ayrton Senna – Lotus-Renault turbo), no último ano da sua participação na F1 com motores turbo.

Será que Adrian Newey e a Renault conseguirão dar nova vida à Fórmula 1. Esperemos que sim porque domínio de uma marca ou concorrente nunca foi bom para qualquer modalidade.

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