FINAL EMOCIONANTE DA CHAMPIONS
Para mim, apesar de não ter estado
fisicamente presente no Estádio do SLB (já não o querem chamar da Luz?...),
esta final de ontem foi das mais emotivas de sempre. Jamais tive um clube, como
sócio, ou ferrenho defensor. Sempre me apaixonei pelo bom futebol e por ele
sempre torci, qualquer que fosse a cor do emblema ou das camisas. Ontem nem
sabia por quem torcer, já que, apesar de me sentir mais ligado ao Real pelo seu
jogo mais tecnicista e atacante, sobretudo nas transposições, em que não tem
igual no mundo pela sua velocidade mortífera, não podia deixar de admirar –
mais uma vez – a garra, a determinação, o espírito de grupo, de entreajuda, de
todos os jogadores do Athletic de Madrid. Parece que bebem e têm no sangue o
espírito indomável de Diego Simeone, seu treinador.
E, no final, não consegui festejar
uma vitória demasiado pesada do Real, que apenas retratou o tremendo desgaste
físico e o natural banho de água gelada psicológico que foi fugir-lhes de repente
– aos “Colchoneros” –, mais uma vez, como em 1974 na sua primeira final, frente
ao Bayern de Munique, uma Champions que lhes parecia já sua, finalmente. Depois
de uma temporada sensacional em que dominaram a Liga Espanhola e eram, nessa
altura, a única equipa sem qualquer derrota nesta Champions. Foi duro,
demasiado pesado, perder por 4-1. Mas, futebol é isto mesmo.
Repito o que já escrevi tantas vezes:
“é apenas um jogo, mas a coisa mais importante do mundo”, para muita gente.
Reviver emoções e achar diferenças
Para mim, foi realmente especial pois
de tão emocionante fez-me recordar as duas finais que o Benfica ganhou, em
1961, em Berne, frente ao Barcelona, ganhando por 3-2, Real, e em 1962, sobre o
Real, que vencer por 5-3, onde eu estive presente, jovem aprendiz de fotojornalista
dando os meus primeiros passos internacionais.
Fazendo na minha memórias os filmes
desses dois jogos épicos das “águias” dirigidas pelo austero e brilhante Bela
Guttmann, vejo como o futebol de então era tão diferente do atual. Muito mais
lento. Incomparavelmente menos tático, embora os grandes treinadores
esquematizassem o modo de jogar das suas equipas. Mas, sem os rasgos de
brilhantismo que podem incutem nas equipas de hoje, mudando radicalmente
posicionamentos de jogadores ou adaptando-os a posições diferentes para tirar maior
partido individual e coletivo do jogo.
Como, por exemplo, Carlo Ancelotti
fez ontem com as mudanças no segundo tempo, colocando os mais atacantes Marcello
e Isco, e depois rendendo um Benzema nitidamente abaixo do seu melhor rendimento
pelo mais combativo e fresco Morata. Só foi pena que não tivesse podido dar
mais liberdade atacante a esse genial Modric’, um dos maiores médios da
atualidade. Isso permitiu que Angel di Maria – já bastante cansado na sua nova
posição que Ancelotti descobriu para ele, como um “número 10”, pudesse ocupar o
flanco esquerdo, de onde ajudou a resolver a “goleada”.
Do outro lado, Simeone não teve recursos
perfazer as substituições que a sua esgotada equipa necessitava para segurar o
resultado proveniente de um frango de Casillas (como ele é deficiente a jogar
com os pés e a sair dos postes, como Mourinho muito bem apontava).
E, assim, uma final histórica da
Champions – a primeira entre dois clubes da mesma cidade – foi um tratado de
futebol. Cheia de emoções e, como tantas outras, como aquela inigualável vitória
do Man United, em Barcelona, em 1999, marcando os dois golos da vitória por 2-1
sobre o Bayern já nos descontos.
11 champions portugueses
Para nós, portugueses, além de ter sido
sensacional receber uma final destas – para a economia e o orgulho nacional –
temos de nos lembrar que além dos três portugueses que ontem se sagraram
champions – CR7, Coentrão, e Pepe, apesar de não ter jogado – há na história,
além das duas equipas encarnadas vencedoras da Taça dos Campeões Europeus, mais
talento luso marcante nas conquistas de outas equipas estrangeiras: Paulo Sousa
(Juventus, 1996 e Dortmund, 1997), Luis Figo (Real Madrid, 2002), Rui Costa, (AC
Milan, 2003), Deco (Barcelona, 2006), Ronaldo e Nani (Man United, 2008) e
Bosingwa, Paulo Ferreira e Raul Meireles (Chelsea, 2012).
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