Ee blog terá, pelo menos duas vezes por semana, as minhas opiniões e comentários sobre desporto – sobretudo automobilismo – e sobre a vida nacional (portuguesa e brasileira) e internacional, com a experiência de 52 anos de jornalismo, 36 anos de promotor e 10 de piloto. Além de textos de convidados, e comentários de leitores.

sábado, 12 de outubro de 2013

SINTRA – RECORDAÇÕES MIL

Quando ontem à tarde o amigo Gonçalo Cornélio da Silva me incitou a ir com ele juntar-me, em Sintra, ao grupo formado, creio, pelo Artur Lemos para reviver as grandes noites do Rallye TAP - e do Rallye das Camélias, claro – na Peninha, Lagoa Azul, Pena e todos esses míticos lugares dos ralis portugueses foi por pouco que não aderi. Felizmente (para a minha saúde) – não seria nada sensato apenas uma semana depois de uma pneumonia ir testar a humidade da Serra de Sintra, mas infelizmente pois perdi certamente um bom convívio e a recordação de tantos bons momentos da minha carreira de piloto por ali passados.

Ao lado de Néné – experiência inolvidável
Nos 10 anos de piloto recordo com muito especial emoção dois momentos. De forma tão nítida como se fosse hoje. A ponto de de continuarem a dar as mesmas sensações de quase êxtase. Uma, é, claro, o que acontecia sempre que em Vila Real, nos primeiros treinos fazia a descida de Mateus, com a perna direita a crescer a cada volta para, a partir da terceira ou quarta conseguir chegar lá baixo mesmo, coma a “para no fundo” na segunda curva da descida. Era engraçado como, ano após ano, a perna sempre encolhia nas duas ou três primeiras voltas. Mas, felizmente, sempre conseguiu encostar o acelerador no fundo…

 
 
A outra experiência inolvidável foi em Sintra. Não sei por que motivo ou motivação, uma noite, quando o Ernesto Neves e eu estávamos pela Pena a treinar – eu com o meu Escort TC e ele, nem sei com que carro do Team Palma – decidi convidar o Néné para descermos juntos a rampa, no meu carro. Com ele a guiar. Desculpem, a pilotar.
Claro que para um piloto, sentar-se no banco do “pendura” é difícil, a velocidade parece diferente. Em tudo. Mas, eu já fizera algumas provas como pseudo-navegador. E, eu estava ali para aprender pois já tinha visto, como espetador, o Néné fazer a rampa. Queria saber como ele pilotava e fazia aquelas maravilhas de tempos. A descer, notem bem, que é bem mais difícil do que a subir – é preciso muito maior rapidez de movimentos e, principalmente, maior precisão nas travagens e delicadeza nas trajetórias.
Indescritível. Ainda hoje não sei como é possível pilotar com aquela rapidez, sensibilidade, precisão. Lembro-me de me sentir atordoado, tal a diferença para a minha pilotagem. Não percebia como alguém podia ser tão rápido de mãos e pés. E estávamos apenas a treinar, de estrada aberta…


No fundo, mesmo, pouco aprendi do muito que tinha para aprender pois fiquei, repito atordoado, surpreso, estupefacto. Já me tinha sentado ao lado de muitos bons pilotos ali pelos lados de Sintra, desde Markku Alén, Jean-Pierre Nicolas, Walter Rohrl e outros. Mas, nessa noite era diferente. Estava no meu carro, conhecia bem os seus limites, a sua maneabilidade. Mas, como o Néné ao volante as minhas referências foram para o espaço. Era outra realidade. Quase inacreditável. Nunca o meu Escort TC andou tão depressa!

Comportamento de pilotos históricos – algo a rever, urgente
O editorial da última revista “Historic Motor Racing News” assinado pela sua editora Carol Spaag merece ter alguns importantes trechos transcritos pela sua importância e por serem exemplarmente aplicados também no nosso panorama de provas de pista para clássicos e históricos. Aqui os reproduzo com a devida vénia:
Na última prova da U2TC, em Silverstone, Sir John Whitmore – famoso campeão britânico dos anos 1960 e 70 –, fez alguns ao comportamento em pista de alguns pilotos. Segundo ele, nos anos em que disputava vitórias com Jim Clark e outros nos campeonatos de turismos altamente competitivos, o comportamento era “bem mais de gentlemen…”. E que a atitude atual dos pilotos era …”bem mais moderna” …
Como a Carol muito bem aponta: “O meu tempo, corríamos com carros clássicos porque nos davam prazer e gostávamos de competir e participar; no entanto, hoje, como na maioria das modalidades há uma postura de ganhar a todo o custo”. E, ela aponta – e muito bem – que essa errada atitude leva a comportamentos em pista por vezes muito pouco corretos como temos visto em algumas ocasiões, em muitas pistas, incluindo portuguesas.

A FIA prometeu, há uns dois anos, olhar com mais atenção para este problema – sim, é um problema desses pilotos e do automobilismo histórico – mas até agora pouco ou nada tem feito. Como de costume…
Será altura para a “nova FPAK” olhar para este tema com mais atenção para resguardar o verdadeiro espirito das competições clássicas ou históricas.

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